Anarquismo e Integridade
Sem dúvidas, não há um jeito concebível de fazer o caso que você deveria examinar ou explorar a anarquia a fim de atingir objetivos anarquistas em um nível político. O que seria como exigir de Francis Bacon, o fundador do método científico moderno, que perseguisse suas ideias a fim de assegurar financiamento para um acelerador de partículas.
Quando eu era mais novo, estudei cênicas e dramaturgia por dois anos no National Theater School em Montreal, Canadá. Em nosso primeiro dia, nós, tespianos impacientes, fomos avisados de que se pudéssemos estar felizes fazendo qualquer coisa que não atuar, deveríamos fazer aquela outra coisa. Atuar é uma carreira tão irracional que buscar aquele cálculo de custos e benefícios iria persuadir qualquer um naquela direção.
Da mesma forma, se você pode ficar feliz e contente sem examinar os pressupostos essenciais assumidos por aqueles em seu entorno, eu sugiro fortemente que você nunca mostre a ninguém o conteúdo desse livro e olhe para o que está escrito por aqui como um mero não-ortodoxo exercício intelectual, como examinar a jogabilidade que pode resultar de regras alternativas de xadrez.
Se é o caso, porém, de você ter paixão pela verdade – ou, como isso costuma ser sentido, que a verdade tem uma constante paixão por você – então o descontentamento e alienação que você sempre sentira podem ser proveitosamente aliviados através de uma exploração pela verdade filosófica.
Uma vez que começamos a contra-interrogar nossas próprias crenças centrais – os preconceitos que herdamos da história – nós vamos inevitavelmente enfrentar a simulada indiferença, aberta hostilidade e condescendente desprezo daqueles em nosso entorno, particularmente aqueles que alegam ter especialidade no ramo que exploramos.
Isso pode ser doloroso e desconcertante, é verdade – por outro lado, entretanto, uma vez que desenvolvemos um verdadeiro profundo e íntimo relacionamento com a verdade – e então, realmente, com nós mesmos – nós nos encontraremos quase involuntariamente olhando para trás para nossos próprios relacionamentos anteriores e verdadeiramente vendo pela primeira vez a superficialidade e evasão que caracteriza nossas interações. Não podemos nunca estar mais próximos de outros do que de nós mesmos, e não podemos nunca estar mais próximos de nós mesmos do que da verdade – a verdade nos conduz a autenticidade pessoal; autenticidade nos conduz a intimidade, que é o maior prazer em relações humanas.
Então enquanto for verdade que muitas pessoas superficiais passarão por nossas vidas quando perseguimos a “verdade a todo custo”, será igualmente verdade que transversalmente ao deserto do isolamento existe uma pequena vila – que não é ainda uma cidade, nem mesmo uma metrópole – cheia de honestas e apaixonadas almas, onde amor e amizade podem florescer sem hipocrisia, egoísmo e negligência, onde curiosidade e prazerosa auto-expressão flui com facilidade, onde o prazer da honestidade e a fundamental tranquilidade da fácil autocrítica unifica nossa feliz tribo na busca e obtenção da verdade.
A estrada para essa vila é seca, e longa, e pedregosa, e difícil.
Eu realmente espero que você se junte a nós.