Acadêmicos e Voluntarismo

Acadêmicos enfrentam um enorme desafio – particularmente em economia – que é a acusação de serem hipócritas.

Economistas estão próximos de serem universais em seu apoio ao livre comércio, ainda, claro, a maioria dos economistas trabalhe financiada pelo Estado ou apoiada pelo Estado em instituições como as universidades, o Banco Mundial, o FMI, entre outras – e em particular na academia, são defendidas as enormes barreiras para adentrar o protecionismo institucionalizado e protegerem-se das forças do mercado através da posse.

Economistas têm numerosas e sofisticadas respostas para o porquê, se voluntarismo e livre mercado são tão bons, deles especificamente excluírem-se do push and pula do livre mercado.

Primeiro, acadêmicos vão argumentar, a verdade de uma proposição não é determinada pela integridade do proponente (se Hitler diz que dois mais dois é quatro, não podemos sensatamente nos opor a ele dizendo que ele é mau). Segundo, muitos acadêmicos dirão que eles meramente herdaram o sistema de acadêmicos precedentes e que eles possuíam essa visão do livre mercado antes de alcançarem o título. Terceiro, eles podem argumentar que eles enfrentam a possibilidade de desemprego, embora improvável, do departamento fechar, etc.

Todos esses são interessantes argumentos e merecem nossa atenção, penso eu, mas são fundamentalmente irrelevantes para a questão acadêmica.

É uma defesa comum de intelectuais hipócritas dizer que seus argumentos não podem ser julgados por seus próprios comportamentos contraditórios, mas devem ser vistos por seus próprios méritos – mas esse argumento de fato torna-se bastante cansativo com o tempo.

Para compreender o que quero dizer, imaginemos um homem chamado Bob que alega que seu único objetivo profissional na vida é motivar os outros a perderem peso seguindo a sua dieta. Ele continuamente proclama que é muito importante ser magro e que somente por sua dieta pode atingir-se a magreza – mas estranhamente Bob permanece na obesidade mórbida!

É certamente verdadeiro que não podemos absolutamente julgar a eficácia e o valor da dieta de Bob apenas pelo seu próprio peso – mas podemos empiricamente julgar que talvez Bob não acredite na eficácia e no valor de sua própria dieta.

A vida é curta e quanto mais rápido pudermos fazer decisões apuradas, melhor estaremos.

Imagine que, esta noite, um desgrenhado e mau cheiroso homem para você na rua e lhe oferece seus serviços como um consultor financeiro, mas ele lhe diz que não pode receber suas ligações telefônicas porque depois de ele ter declarado suas falência, foi forçado a viver em seu carro. É certo, lógico e verdadeiro que não podemos empiricamente usar a situação dele para julgar o valor de sua consultoria financeira – mas podemos deduzir o seguinte: ele seguiu sua própria consultoria financeira, o que claramente resultou num desastre, ou ele não seguiu, o que significa que ele não acredita na credibilidade e no valor dela.

Portanto, baseado em princípios de mera eficiência, você nunca contrataria um mendigo como seu confiável consultor financeiro – também pelo fato de ele parecer completamente cego para o efeito que ele chegou da sua própria credibilidade. Ele não reconhece como você o verá, baseado em sua apresentação? Se ele não perceber como ele aparenta para você, isso também indica uma quase completa desconexão com a realidade. Da mesma forma, se eu me apresentar em uma entrevista de emprego vestindo apenas um par de roupas de baixo, dois pregadores e uma peneira , é claramente verdade que a minha escolha de roupa não pode ser usada para julgar a qualidade de meu conhecimento profissional – mas certamente nesse caso que meu julgamento por completo pode ser colocado em questão, para não dizer pior.

Se você não segue seu próprio conselho, eu não posso ipso facto usar isso para julgar seu aviso como incorreto, mas certamente posso julgar que você acredita que seu argumento está incorreto e fazer uma completa e racional decisão quanto ao valor dele, então.

Acadêmicos levantam que seus ensinamentos devem ter algum efeito exterior no mundo. Nenhuma escola de medicina ensina a anatomia Klingon, porque tal “conhecimento” não teria efeito algum no mundo.

Economistas ensinam ideias para que soluções melhores possam ser implementadas no mundo real, que sabemos porque eles constantemente reclamam que governos ignoram seus conselhos econômicos. Em outras palavras, eles são frustrados porque políticos constantemente escolhem objetivos pessoais de carreira em vez de objetivamente escolherem valiosas ações e decisões.

Se estou tentando vender um livro de dieta e sou morbidamente obeso, obviamente isso atrapalha a minha credibilidade. Qual é o melhor jeito, então, para eu aumentar minha credibilidade? É melhor para mim infinitamente reclamar que as outras pessoas não parecem acreditar em minha dieta?

Claro que não.

A simples solução para mim é eu aplicar meus esforços para aquilo em que eu realmente tenho controle – minha própria alimentação – e parar de perturbar os outros para fazer aquilo que eu obviamente não quero fazer.

Deste modo, eu posso realmente obter maior credibilidade do que eu teria se eu fosse naturalmente magro desde o princípio. Já que a maioria das pessoas que querem uma dieta estão acima do peso, é claro que um homem que perde muito peso – e se mantém assim – seguindo sua dieta tem ainda maior credibilidade!

Como isso se traduz para o meio acadêmico?

Bem, quase todos os economistas aceitam que o livre mercado é a melhor forma de organizar interações econômicas – portanto, eles têm uma enorme coletividade vantajosa de compartilhar ideias comuns, o que é o pouco caso que os políticos e outros grupos criticados por economistas fazem de implantar o livre comércio.

Se os economistas acreditam que o voluntarismo de livre mercado é a melhor forma de organizar interações econômicas – e claramente eles têm mais controle sobre sua própria profissão do que têm sobre o governo – então eles deveriam trabalhar tão duro quanto puderem para aplicar aqueles princípios em sua própria profissão. Para perderem seu próprio excesso de peso, então para falar, ao invés de perturbar outras pessoas para seguirem a dieta que eles mesmos rejeitam.

Assim, em vez de palestras sobre as virtudes e os valores de um livre mercado voluntário – com claro objetivo de mudar o comportamento alheio – economistas deveriam unir-se e mudar sua própria profissão para refletir os valores que eles esperam que os outros sigam.

Dessa forma, eles podem fazer todas as pesquisas, manter meticulosas notas e publicar artigos descrevendo o processo de fazer uma organização para reformar a si mesma de acordo com os valores comumente aceitos por seus membros. As armadilhas e os desafios de atingir tão nobre final seria merecidamente documentado como um guia para auxiliar os outros.

Além disso, uma vez que economistas acreditam que o livre mercado aumenta a qualidade e a produtividade, eles poderiam, como um grupo, avaliar a qualidade e a produtividade da profissão econômica antes e após a introdução do livre mercado e do voluntarismo. Isso seria enormemente valioso como corpo de pesquisa e seria empiricamente apoiado o caso de ruir com o protecionismo em uma profissão.

Uma vez que acadêmicos querem muito um efeito no mundo exterior, de longe a melhor forma de atingir esse objetivo é reformando sua própria profissão para refletir os valores que eles já professam e seguram com um grupo. Eles podem trazer sua própria experiência – para não mencionar integridade – para suportar desafios muito maiores de ajudar governos e outras organizações a reformarem-se si mesmos.

É muito fascinante que economistas – para o meu limitado conhecimento pelo menos – tenham produzido virtualmente infinitos estudos sobre os efeitos negativos do protecionismo em todos os campos concebíveis exceto o seu próprio.

Se economistas realmente entrarem no desafio de reformar sua própria profissão de acordo com seus valores aceitos em comum, talvez tal revolução seja bem sucedida, ou talvez não.

Se a revolução vingar, acadêmicos terão o entendimento teórico, evidências empíricas e credibilidade profissional para trazer o caso do livre comércio para os outros, com uma grande chance de ser bem-sucedida.

Se a revolução não vingar, então claramente economistas teriam de abrir mão da pretensão de que seus argumentos poderiam ter efeitos no mundo exterior e poderiam começar o processo de desmantelar sua própria profissão, uma vez que isso seria revelado como pouco mais que uma fraude – a “venda” de uma dieta que foi impossível seguir.

Se economistas não podem atingir conformidade em seus valores em sua própria profissão, em que eles compartilham muitas metodologias similares, têm os mesmos objetivos e falam a mesma linguagem, então claramente questionar outras profissões – com obstáculos muito maiores – para reformá-las a si mesmas é ridiculamente hipócrita e fundamentalmente falso.

Eu estou convicto de que economistas têm muita integridade pessoal e profissional para levar dinheiro às soluções “veneno de cobra” que nunca poderão ser implementadas.

Portanto eu ansiosamente aguardo que esses economistas seguindo seus próprios conselhos e reformando sua própria profissão, a qual eles realmente controlam, a fim de mostrar aos outros que isso pode ser feito – e como isso pode ser feito – e para, como um grupo, verdadeiramente atingir os objetivos que eles tão nobremente professam como sua própria motivação.

O que você acha a respeito das chances de isso acontecer?

É por isso que você nunca ouviu falar de anarquismo.