Os Barões Ladrões

Também podemos encontrar exemplos disso no fenômeno do “Robber Barons” na América do fim do século 19. A estória diz que esses monopolistas predatórios imorais estavam espoliando consumidores impotentes, e por isso foi preciso que eles fossem restringidos através da força do governo por uma legislação antimonopólio.

Se essa estória fosse realmente verdade a primeira coisa que esperaríamos seria uma ou duas evidências mostrando como os preços aumentaram onde esses “monopólios” floresceram – e também que foi esses consumidores desprotegidos e furiosos que fizeram barulho para os legisladores e demandaram a proteção dos monopolistas.

Mas é claro, seria um total absurdo imaginar que esse seria o caso, isso acaba por ser completamente falso.

Se um aumento injusto de preço de 10%-20% fosse imposto sobre carne moída, o prejuízo para o consumidor médio não seria mais do que alguns centavos por semana. É compreensível imaginar qualquer consumidor – ou grupo de consumidores – combinando seu tempo e esforço para buscar uma complexa e pesada legislação por se oporem a um pequeno aumento de preço. A razão custo/benefício seria absurdamente fora de medida, desde que sem dúvida custaria a esses consumidores muito mais tempo e dinheiro pra alcançar tais medidas que eles poderiam concebivelmente economizar reduzindo esse tal aumento injusto de preço.

Você está buscando ações legais contra a Exxon por causa de preços maiores?

Claro que não!

Portanto para encontrarmos os reais culpados, precisamos olhar primeiro para qualquer grupo que possa justificar a busca por tal legislação complexa e incerta; a compra de legisladores, produção de artigos e outros esforços gastos para influenciar a mídia, a busca desesperada de uma empreendimento altamente arriscado – quem poderia justificar um investimento insano desse? A resposta é óbvia, e contém toda a informação que precisamos saber para refutar as reivindicações apresentadas.

Os grupos mais prejudicados por esses supostos monopolistas foram, é claro, seus competidores diretos. Assim poderíamos esperar que o patrocinador primário – se não o único – dessa legislação não seria consumidores enfurecidos, mas sim as empresas competindo com esse “Robber Barons.”

Claramente, se esses monopolistas estavam aumentando preços injustamente, essa seria um infindável convite para esses competidores – ou até mesmo para empreendedores externos – contarem seus preços.

Ah, mas talvez esses Robber Barons estavam conseguindo seu monopólio através de favores políticos tais como prevenindo competidores de entrar no mercado.

Bem, sabemos que certamente esse não poderia ser o caso. Se esses Robber Barons realmente controlassem o legislativo, então seria altamente improvável para os seus competidores de obterem sucesso em influenciar o legislativo, pois eles saberiam que essa era luta sem vitória. Se esse “monopolistas” estivessem ganhando passivos e injustos lucros através de favores políticos, então seus competidores que foram excluídos de tal sistema lucrativo estariam completamente inaptos em afunilar o dinheiro necessário pra os legisladores. Além do mais, aqueles que fazem as leis estariam expostos a chantagens por acordos passados se eles “trocassem de lados,” se é que podemos dizer assim.

Assim sem examinar um único fato histórico, podemos determinar muito facilmente o que realmente aconteceu, que foi:

a) Os monopolistas não estavam realmente aumentando preços, mas os estavam abaixando, e sabemos disso porque seus competidores não tomaram a rota econômica de cortes nos preços, mas ao invés disso usavam a rota política usando a força do estado para incapacitar esse “monopolista.”

b) Os monopolistas não estavam ganhando fatia de mercado ou lucros injustos pela via política, porque os legisladores ainda estavam à venda.

c) Os consumidores estavam totalmente felizes com o arranjo existente, e sabemos disso porque os competidores não tinham nada para oferecer que os consumidores iriam preferir à atual situação.

Essa hipótese é amplamente sustentada pela cuidadosa evidência histórica. Onde esses “Robber Barons” dominaram o mercado, os preços dos bens que eles produziam caiu, as vezes consideravelmente – no caso do uso de automotoras refrigeradas para estocar carne, uma queda de 30% no preço foi alcançada em poucos meses.

Claramente, isso não prejudicou os interesses dos consumidores – mas certamente prejudicou os interesses daqueles atentando em competir com esses altamente eficientes empresários. Infelizmente – com a tentação do sempre presente governo – esses competidores preferiram tomar a via política para atacar seu rival bem sucedido através do poder do estado ao invés de se voltarem para a inovação de si mesmos e então competirem mais exitosamente no livre mercado.

E que tal o argumento de que Robber Barons usou de violência para criar seu monopólio ameaçando ou matando competidores?

Bem, mesmo que aceitemos esse argumento como verdade, ele serve mais para o argumento anarquista do que para a posição estatista.

Se você contratasse um segurança que continuamente caísse no sono no trabalho, e permitissem que as instalações que ele guarda fossem roubadas eventualmente, ano após ano, qual seria a sua reação? Você o acordaria e o promoveria ao rani gerente global de uma empresa de segurança de alta complexidade?

Claro que não!

Se um governo é tão imoral e incompetente que permite o assassinato de cidadãos inocentes por Robber Barons, então claramente ele não pode ser concebivelmente competente e moral o suficiente para proteger seus cidadãos da complexa predação econômica do mesmo Robber Barons. Um grupo que não pode executar uma simples função não pode executar uma função muito mais complexa.

Aproximadamente cem anos depois, nós ainda podemos ver o quão efetivo essa propaganda é. Esses espectros desses “Robber Barons” ainda habitam as casas mal- assombradas imaginárias de nossa história. O todo governo no controle explorador de monopólios permanece inquestionado – d quantas pessoas conhecem os fatos básicos da situação, principalmente que não foram os consumidores que se opuseram a essas empresas, mas os seus competidores?

Quando olhamos para as “soluções” políticas pressionando “problemas,” vemos sempre o mesmo padrão. Educação controlada pelo governo não foi instituída porque os pais estavam insatisfeitos com escola privadas, ou porque as crianças não eram educadas, ou qualquer coisa semelhante a essa – pelo contrário, porque professores queriam ter seus empregos assegurados, e porque grupos culturais e religiosos queriam por suas mãos nas mentes jovens das crianças. O “New Deal” na década de 1930 não foi instituído porque o livre mercado tornou as pessoas mais pobres, mas por causa má administração do governo cuja oferta monetária destruiu quase um quarto da riqueza dos Estados Unidos.

Ao longo do tempo, vemos que não é a liberdade que leva ao controle político e ao aumento da violência estatal, mas que o aumento do controle político e da violência estatal que causa o problema.

O governo não expande seu controle porque a liberdade não funciona; liberdade não funciona porque o governo expande seu controle.

Assim podemos ver que a liberdade – ou voluntarismo, ou anarquia – não cria problemas que os governo são requisito para a “solução”. Pelo contrário, propagandistas mentem sobre o que o governo é capaz de fazer (“proteger consumidores” realmente significa “usar violência para proteger os lucros de empresas ineficientes”) e a resultante expansão da coerção e do controle políticos produzem mais problemas, os quais são sempre atribuídos à liberdade.