Política e o Interesse Próprio
A verdade é frequentemente a primeira vítima do interesse próprio. Podemos ver isso claramente quando se trata de publicidade – A empresa que vende cremes antirrugas usam medo e insegurança para guiar a demanda até o seu produto. “Sua beleza é medida pela elasticidade da sua pele, não pelas virtudes da sua alma,” eles dizem, “e ninguém a achará atraente se você não parece jovem!”
Essa é de certo modo uma exploração da insegurança; claramente o que está sendo vendido é uma definição de “beleza” que não requer a desafiadora tarefa de alcançar e manter virtude. No curto prazo, é mais bem mais fácil, no fim das contas, esfregar um creme caro no seu rosto do que começar o genuíno caminho para a sabedoria e integridade.
Deste modo, podemos ver que o interesse próprio do anunciante e do consumidor estão ambos servidos na troca, às custas da verdade. Nós sabemos que certamente nos tornaremos velhos e feios – e também que esse destino não precisa nos roubar o amor, pelo contrário que podemos receber e dar mais amor em nossa velhice do que o fizemos na nossa juventude, se vivermos com virtude, compaixão e generosidade.
Entretanto, ganha-se muito menos dinheiro em filosofia do que em vaidade – o que é o mesmo que dizer que as pessoas pagarão um bom dinheiro para evitar as exigências da virtude – e portanto a vergonhosa exploração mútua a fim de se evitar as demandas da virtude é a pedra angular de qualquer economia moderna.
Do mesmo modo, ouvir dizer que “anarquismo” é apenas mal, mal, mal ajuda-nos a evitar a ansiedade e ambivalência que nós de fato sentimos sobre aquilo que tanto tememos e amamos ao mesmo tempo. Nossos educadores e líderes políticos nos “vendem” alívio da ambivalência e da desconfortável exploração – inevitavelmente às custas da verdade – e assim, nós temos sido consumidores relativamente famintos.